Fatores como pH, temperatura e presença de sais podem interferir diretamente no processo. Fotos: Renato Lopes
A escolha correta de adjuvantes é um passo decisivo para garantir a qualidade e a estabilidade das caldas fitossanitárias utilizadas na agricultura. Segundo Camila Ribeiro Caetano, cientista de tecnologia de aplicação na Corteva Agriscience, esses produtos desempenham funções essenciais que vão muito além de simplesmente complementar produtos fitossanitários.
No preparo da calda, os adjuvantes podem atuar de diferentes maneiras, como melhorar a miscibilidade dos ingredientes ativos, reduzir a formação de espuma, ajustar o pH e a dureza da água, além de minimizar problemas de entupimento em bicos e filtros. “Cada adjuvante tem um papel específico e deve ser escolhido com base no problema que se deseja solucionar ou na melhoria de performance que se busca”, explica Camila.
Ela ressalta que o conhecimento sobre as características físico-químicas da água utilizada na pulverização é fundamental para a correta seleção do adjuvante. Fatores como pH, temperatura e presença de sais podem interferir diretamente na estabilidade da calda. “Um erro na escolha do adjuvante pode comprometer a homogeneidade da mistura e, consequentemente, a eficiência do tratamento”, afirma.
Além de auxiliar no preparo, os adjuvantes também são determinantes para manter a estabilidade da calda ao longo de todo o processo de aplicação. Camila aponta que, sem o produto adequado, é comum observar separação de fases, precipitação de partículas ou formação de grumos, o que pode prejudicar a cobertura das plantas e a deposição no alvo biológico.
Outro ponto destacado pela pesquisadora é que a decisão sobre qual adjuvante utilizar deve levar em conta o tipo de produto fitossanitário que será aplicado, as condições ambientais no momento da pulverização e até mesmo o equipamento utilizado. “Não existe um adjuvante universal. A recomendação precisa ser técnica e personalizada para cada situação de campo”, pontua.
Durante sua participação no V Workshop sobre Adjuvantes em Caldas Fitossanitárias, realizado entre os dias 31 de julho e 1º de agosto em Ribeirão Preto (SP), Camila reforçou a importância de produtores e técnicos buscarem informações confiáveis e, sempre que possível, realizarem testes prévios para verificar a compatibilidade e a eficiência dos adjuvantes.
Ela também alertou para o fato de que o uso inadequado desses produtos pode gerar desperdícios e reduzir a eficácia das aplicações, além de potencialmente aumentar riscos ambientais. “O adjuvante certo, na dose certa, contribui para aplicações mais eficientes, econômicas e seguras”, resume.
Com a crescente demanda por aplicações mais precisas e sustentáveis, o papel dos adjuvantes no preparo e estabilidade de caldas fitossanitárias tende a ganhar ainda mais relevância nos próximos anos. Para Camila, a chave está na combinação entre conhecimento técnico, produtos de qualidade e boas práticas de aplicação
Em breve, teremos mais informações sobre o tema no E-Nedta.