Fatores como formação, deposição e retenção de gotas melhoram a eficácia das aplicações e promovem a sustentabilidade. Foto: Renato Lopes.
A atuação dos adjuvantes na formação, deposição e retenção de gotas é fundamental para aumentar a eficiência das aplicações agrícolas e promover práticas mais sustentáveis no campo. Esse tema foi abordado por Fernanda de Oliveira Barreto Costa, gerente de P&D da Indorama, durante o V Workshop sobre Adjuvantes em Caldas Fitossanitárias, realizado entre os dias 31 de julho e 1º de agosto no auditório da Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto.
Para Fernanda, um dos maiores desafios no processo de pulverização de produtos fitossanitários é a perda causada pela deriva — quando as gotas se dispersam no ambiente e não atingem o alvo desejado. Para minimizar essas perdas, existem duas frentes essenciais: a escolha correta dos equipamentos, como os bicos de pulverização, e o uso de adjuvantes, que modificam as propriedades do líquido pulverizado. “Os adjuvantes permitem modular o tamanho das gotas pela escolha apropriada, o que ajuda a controlar a pulverização”, explica.
Além de garantir que as gotas atinjam o alvo, é importante que elas permaneçam no local para exercer sua função. Fernanda destaca que “uma boa formulação e o uso adequado de adjuvantes garantem que a gota fique depositada e retida mesmo após chuvas, evitando que o produto escorra ou seja lavado”. Essa retenção eficiente evita perdas, reduz a contaminação do solo e de corpos d’água, contribuindo para uma agricultura mais sustentável.
O desenvolvimento dessas formulações é complexo e envolve uma infinidade de variáveis, como os diferentes tipos de folhas, as condições climáticas e a diversidade de produtos disponíveis. “Essa combinação forma uma quantidade praticamente infinita de variáveis, que devem ser consideradas tanto no desenvolvimento quanto na escolha do produto adequado para cada cultura e situação”, explica a gerente da Indorama.
Para enfrentar esses desafios, o processo de criação e teste dos adjuvantes passa por etapas que vão desde experimentos em laboratório, com testagens in vitro, até experimentos em condições de campo. Fernanda ressalta que “é um trabalho complexo, que envolve testes em plantas e em campo, para selecionar os produtos com maior potencial de sucesso”.
A tecnologia tem desempenhado um papel importante nesse desenvolvimento. Segundo Fernanda, “hoje contamos com químicos, agrônomos, engenheiros de equipamentos, além do uso de modelagem matemática e inteligência artificial para entender melhor esses fenômenos e acelerar o desenvolvimento diante do grande número de variáveis”.
O Workshop sobre Adjuvantes em Caldas Fitossanitárias se destaca como um espaço único e multidisciplinar para a discussão técnica e regulatória do setor. “É o evento mais focado em adjuvantes, reunindo áreas como química, agronomia, biologia, engenharia, universidades, indústria, usuários e órgãos reguladores, o que permite abordar questões sensíveis do mercado e da regulação”, afirma Fernanda.
Apesar dos avanços, o mercado enfrenta desafios ligados à falta de regulação clara, o que pode dificultar a diferenciação entre produtos de alta e baixa qualidade. “Para as indústrias que investem pesado em pesquisa e desenvolvimento, é um desafio competir com produtos que não têm critérios claros de qualidade, o que prejudica a competitividade e confunde o produtor”, alerta.
Por fim, Fernanda destaca a importância do diálogo no setor para a evolução sustentável da indústria: “Espero que possamos discutir formas de garantir qualidade e transparência no mercado, sem exagerar na regulação, mas também sem deixar tudo sem controle, o que é fundamental para o desenvolvimento do setor”.
Em breve, teremos mais informações sobre o tema no E-Nedta.