Pesquisador destaca que tecnologia nano traz ganhos na agricultura, mas requer integração para aplicação em larga escala. Foto: Renato Lopes.
A nanotecnologia tem ganhado espaço como tecnologia promissora para o desenvolvimento de produtos fitossanitários mais eficientes e sustentáveis. Durante o V Workshop sobre Adjuvantes em Caldas Fitossanitárias, realizado entre os dias 31 de julho e 1º de agosto, o professor e pesquisador Leonardo Fraceto, da Unesp Sorocaba e coordenador do INCT Nano Agro, destacou as vantagens e os principais desafios dessa inovação aplicada à agricultura.
Segundo Fraceto, a nanotecnologia pode melhorar significativamente o direcionamento dos princípios ativos, facilitando a detecção precoce de doenças e favorecendo o crescimento e a produtividade das plantas. “Trabalho com a encapsulação de princípios ativos, sejam naturais ou sintéticos, para que eles atinjam os locais de ação de maneira mais eficiente”, explicou.
Um dos diferenciais da nanotecnologia é a possibilidade de reduzir drasticamente a dosagem dos produtos aplicados, mantendo ou mesmo elevando a performance agronômica. “Desenvolver novos ingredientes ativos é muito caro, então essa tecnologia traz uma alternativa importante”, afirmou. Ele também ressaltou que o Brasil possui grupos de pesquisa de ponta, como o INCT Nano Agro e a Embrapa.
Entre os exemplos práticos apresentados está o desenvolvimento de formulações nano à base de hormônios para tratamento de sementes. Essas formulações utilizam doses entre 10 a 50 vezes menores que as convencionais, proporcionando melhor desenvolvimento inicial das raízes e ganhos de produtividade, especialmente em condições de estresse hídrico.
No entanto, Fraceto destacou que o grande desafio atual é a transição da nanotecnologia do ambiente laboratorial para a escala industrial. Para superar esse obstáculo, ele defende a importância da parceria entre universidades, empresas e startups. “A colaboração desde o desenvolvimento permite que as tecnologias sejam direcionadas para processos que possam ser escalonados mais facilmente”, afirmou.
Para o pesquisador, eventos como o Workshop sobre Adjuvantes são fundamentais para aproximar pesquisadores e o setor produtivo, facilitando o networking e a criação de parcerias que viabilizem a chegada dessas tecnologias ao agricultor. “Precisamos estimular cada vez mais encontros que promovam essa interação, e o Workshop já é um exemplo disso”, concluiu.
Com o avanço da nanotecnologia e a superação dos desafios para sua aplicação em larga escala, o setor agrícola brasileiro pode contar com produtos mais eficientes, econômicos e alinhados às demandas de sustentabilidade, impulsionando a produtividade e a inovação no campo.
Em breve, teremos mais informações sobre o tema no E-Nedta.